Thursday, March 02, 2006

tamos aí.

Não sabia mais o que fazer. Aquela droga de livro do Tom Wolfe não fazia mais efeito. Afinal não dava para entrar naquela história riponga com peripécias de ácido e um bando de malucos dentro de um ônibus achando que estavam fazendo história. Na televisão a merda de sempre e o canal de música decidiu que não apresenta mais música. Por um lado, menos mal. Daí não eu não topo com um babaca qualquer fazendo pose para a câmera e me deixando com uma certa vergonha solidária.
É. Sou bobo mesmo.
Fico com vergonha pelos outros. O problema é que não acho ninguém que vai segurar as coisas que me embaraçam. Tá limpo. Nunca quis muito disso mesmo.
Mas então. Vim para cá. Estou na terceira cerveja e sozinho nesse balcão deserto. Tem dia que nego quebra o maxilar do outro com o cotovelo, só para conseguir colocar o copo bem lá na pontinha. Hoje está vazio. Tem só um casal ali do outro lado que bebe, sorri e fuma sem parar. Ele com cerveja, ela entre sucos e doses de tequila. Ambos fumam do mesmo maço.
E tem essa droga de cigarro. Vou pegar mais um. Fazer o quê. Ta aí no maço e estou aqui, sem fazer nada. O primeiro trago é bom. Disfarça os dissabores. Depois é a mesma coisa. Mas eu sei o que fazer.
O Preá sorri. Diz que a porcaria do som estragou de novo e amanhã é dia de Terça Tilt. “Daí os djs ficam reclamando que não dá para trocar a música. Porra! Grava um disco e fica por aí curtindo, ao invés de ficar aqui no balcão atrapalhando o movimento da galera”. Tá certo, Preá. Tá certo. Deixa o disco dos Strokes rolar inteiro, que ainda é bom ouvir.
Então eu fico pensando. Um monte de bobagens que vão desde a tentativa de lembrar se o molho do macarrão foi para a geladeira até as razões pelas quais querem vender a única empresa estatal que dá dinheiro.
Tantas bobagens que o cigarro apaga no cinzeiro, mas o movimento involuntário faz com que ele venha até a boca. Apalpo os bolsos atrás do isqueiro e lembro dele lá na mesa de casa. Do lado do celular que vai tocar uma, duas, três vezes. Quanta expectativa pelo bêbado aqui.
Mas então algo aponta lá no portãozinho.
Com uma camisa por baixo da blusa preta, um vestido verde e a bolsa segurada de forma desleixada por uma das mãos. Parte da franja cai na frente dos olhos e o que parece incomodar é só mais uma das belas imagens que vou captando. Ela vai andando. Sorri para duas amigas que estão sentadas do lado da escada e dá um beijo no rosto do menino, que conversa com as duas sem saber se vai ser levado para casa ou não.
E daí toca someday.
E ela vai pedir uma cerveja do meu lado.
E eu esqueço de tudo que prometi.

2 Comments:

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1:00:00 AM  
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1:32:00 PM  

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